Friday, October 20, 2006

caminho

Caminho virtuoso - oposição e equilíbrio

O universo é regido por energias opostas e complementares.
Há o que caminha para o interior e para o centro.
Há a expansão e o movimento.

Assim é na natureza e na vida:
há a terra e o céu,
o escuro e a claridade,
a noite e o dia,
o frio e o calor,
a água e o fogo,
o inverno e o verão,
a lua e o sol,
o espaço e o tempo...
Opostos quanto necessários.
Nem bom, nem mau.

Existe a direita em complemento à esquerda, como há o conservador em oposição ao inovador.
Há a mulher e o homem, e a intuição em oposição à racionalidade.
A cooperação se opõe à competição, o repouso e a quietude confrontam a atividade e a inquietação.
Existe a tristeza como negação da alegria, a calma como o oposto da raiva...

Não há conotação ética.
Somos os dois lados sempre:
– raivosos e calmos,
– quietos e ruidosos,
– alegres e tristes,
– intuitivos e racionais...

Da mesma forma que depois de uma noite surge um novo dia, à tristeza sempre sucede a alegria, e a raiva sempre cede lugar ao perdão.
Não há como ser triste o tempo todo, da mesma forma que não existe noite que dure para sempre.

A Natureza é sábia, e entre os opostos nos mostra sempre a possibilidade do equilíbrio
– nada é totalmente escuro,
– nada é somente claro.

Mas entre a terra e o céu existem infinitas nuances,
como entre o escuro e o claro,
o frio e o calor,
o norte e o sul.

E o equilíbrio é o eterno desafio humano...

abraços

xeee

Wednesday, October 11, 2006

Sem palavras

O chinês Lao-Tzu filosofou no século 2: “Palavras em demasia se esgotam. Melhor é guardar o que está no coração”. Tamanha sabedoria, entretanto, parece ter perdido um pouco de seu sentido para nós, ocidentais. Desaprendemos o valor do silêncio e fazemos de tudo para preenchê-lo – nem que seja com discursos vazios.Ter discernimento ao falar e aprender a calar são, mais que uma meta, um caminho para a paz interior.

A beleza de uma paisagem tem o poder de nos calar. Enlevados pela visão da mata, do mar ou do horizonte aberto, não há a necessidade de dizer nada. O peito desaperta, o espírito se apazigua, e vem a sensação de estarmos totalmente vivos nesse instante.

No dia-a-dia, entretanto, experimentamos a situação oposta. Engolidos por um massa de ruídos produzidos por obras, automóveis, gente, levamos para dentro de nós a agitação externa, que se traduz em ansiedade e angústia. E a devolvemos para o exterior falando, falando e falando até mesmo sem pensar.

Esquecemos os valiosos ensinamentos contidos nos provérbios que a cultura popular cunhou para enfatizar a importância do silêncio: “falar é prata, calar é ouro”, “bom é saber calar até o tempo de falar” e até o divertido “em boca fechada não entra mosca”. São conselhos que, inadvertidamente, contrariamos o tempo todo. Mas isso é compreensível. Vivemos numa sociedade extrovertida, que valoriza as atitudes incisivas e onde tudo se fala, tudo se discute.

Segundo o taoísmo – uma grande escola dos filósofos chineses, que floresceu entre os séculos 6 e 4 a.C, o Universo é regido pelas energias yin e yang. A primeira remete a repouso e introspecção, e a segunda, a movimento e expansão. “Nossa sociedade é exageradamente yang, ruidosa, agitada, nervosa. Para equilibrar as energias, é fundamental silenciar, o que é yin”, afirma Wagner Canaloga, sacerdote da Sociedade Taoísta do Brasil.

Neste mundo yang, muita gente tem dificuldade de encarar a quietude. Na praia, alto-falantes a todo volume tornam inaudível o barulho das ondas, mas ninguém parece se importar. Quando todos se calam na roda de amigos, alguém sempre solta uma piada ou comentário para quebrar o gelo – e o silêncio.

Em casa, a TV fica ligada sem que ninguém assista – diz-se que isso faz companhia. Para muitos, a ausência de ruído os coloca de frente à necessidade incômoda de ter de suprir o próprio vazio.
Quando acompanhados, sentem urgência de falar, qualquer coisa que seja, como se calados deixassem expostas a falta de assunto, de diálogo, de interesses em comum. E não deveria ser assim. A verborragia é vazia, e o silêncio, repleto de emoção e significados.

Economizar palavras nada tem a ver com a dificuldade de se comunicar ou mesmo de prestar atenção em quem está ao lado. Também não tem relação com o que não é dito e o que é escondido ou reprimido. Nem com as lacunas que podem se abrir na convivência entre casais, pais e filhos. O silêncio une e não separa, pois por meio dele também se constrói a intimidade – é gostoso quando o vínculo se estabelece com um sorriso, um olhar ou um gesto, sem necessidade de palavras. O silêncio conforta, apazigua, restaura forças. É pacífico, nunca hostil. Contemplação, inspiração e comunhão também cabem na palavra silêncio.

Silenciar externamente quase sempre só é possível quando a mente está serena. Piores que os ruídos externos são os internos, provocados por pensamentos desordenados. Nosso incessante carrossel mental provoca o descontrole verbal e nos aprisionamos nesse círculo vicioso... ao desacelerar a mente e melhorar a qualidade dos pensamentos, nos conectamos a nossa essência. Aí descobrimos as emoções, os sentimentos e os valores mais caros a nós...

Em geral, quem não se concede a chance de silenciar não permite que quem esteja ao lado conquiste a sua. No vácuo que se abre com o silêncio, nascem a insegurança, a desconfiança e, com elas, a urgência de saber o que se passa na cabeça do outro...

Às vezes, a forma mais fácil de amenizar o ruído interior é mudar a rotina, sair de casa, viajar para um lugar tranqüilo, longe dos problemas e até das pessoas. Ir para uma praia pouco freqüentada, para a montanha, relaxar num spa ou visitar templos e mosteiros, por exemplo. Mas isso pode ter um efeito apenas paliativo ou temporário e logo se volta ao velho padrão de agitação mental e verbal.

É preciso encontrar a pacificação interna em qualquer lugar. Nesse estágio, os sentimentos afloram, e os barulhos externos já não perturbam tanto. A psicologia, as filosofias e a religiões traduzem essa experiência, cada uma a seu jeito...

Para silenciar:
• Desacelere. Programe viagens para lugares tranqüilos, onde possa relaxar e escutar os sons da natureza. Em templos e espaços religiosos, também se cultiva o silêncio interior.
• Desconecte-se. De vez em quando, desligue o telefone, a TV, rádio e outras fontes de barulho. Procure se aquietar e não falar. Deite-se ou tome um banho relaxante, por exemplo.
• Focalize. Concentre-se no presente e mantenha a mente livre dos pensamentos desnecessários: eles contribuem para o ruído interno, que estimula a ânsia de falar.
• Não fale por falar. Preste atenção se seu jeito de se comunicar não é seco ou ríspido. Sem querer, você pode ser mal interpretado e magoar os outros. E meça mais as palavras.
• Medite. Encontre a técnica que melhor se encaixa em sua rotina. Basicamente, todas ensinam a se sentar ereto, relaxar e deixar passar os pensamentos, sem retê-los.
• Reze. Em todas as religiões, a prece é uma forma de interiorização que conduz à paz de espírito e ao silêncio interior.

(texto Wilson Weigl – revista Bons Fluídos, Agosto de 2006)


Bom feriadão

abraços

xeee

Friday, October 06, 2006

louvor

Louvor ao Estudo

Estuda o elementar: para aqueles
cuja hora chegou
não é nunca demasiado tarde.
Estuda o abc. Não basta, mas
estuda. Não te canses.
Começa. Tens de saber tudo.
Estás chamado a ser um dirigente.

Freqüente a escola, desamparado!
Persegue o saber, morto de frio!
Empunha o livro, faminto! É uma arma!
Estás chamado á ser um dirigente.

Não temas perguntar, companheiro!
Não te deixes convencer!
Compreende tudo por ti mesmo.

O que não sabes por ti,
não o sabes.
Confere a conta.
tens de pagá-la.
Aponta com teu dedo a cada coisa
e pergunta: “Que é isto? e como é?”
Estás chamado a ser um dirigente.

(Bertolt Brecht)

abraços

xeee